sexta-feira, 24 de junho de 2016

A Academia Maranhense de Medicina

Acad. José Márcio Soares Leite*, 
                 A Academia Maranhense de Medicina foi fundada e instalada no dia 25/04/1988, por iniciativa de ilustres médicos maranhenses, os quais certamente buscaram inspiração na Académie Nationale de Médecine criada em 1820 pelo rei Luís XVIII da França e na Academia Nacional de Medicina, fundada sob o reinado do imperador D. Pedro I, em 30 de junho de 1829. Tornou-se parte integrante e atuante na evolução da prática da medicina no Maranhão em seus vinte e oito anos de existência.         
             Na história da medicina no Maranhão, destaca-se um período colonial (séculos XVII e XVIII), caracterizado pela existência de cirurgiões-barbeiros e boticários e de um Hospital Militar. Nesse período, a população foi afetada por epidemias de sarampo, varíola, peste bubônica e gripe espanhola. Em seguida, evidenciaram-se, já no período imperial (século XIX), os primeiros médicos e a instalação da Santa Casa de Misericórdia do Maranhão. O antigo Hospital Militar mudou-se para a Casa de Retiro Espiritual dos Jesuítas, na Ponta de Santo Amaro, com a denominação de Hospital Regimental (hoje Hospital Geral do Estado), e instalou-se um hospital privado, denominado Hospital Português. Destaca-se ainda nesse período a alta mortalidade por malária. No período republicano, até meados do século XX, foram construídos ou instalados em São Luís e no interior inúmeros hospitais públicos e privados.
           O período da Medicina que estamos vivenciando iniciou-se na década de 70 e tem como características as especialidades médicas, os modernos equipamentos de apoio diagnóstico, os transplantes de órgãos, a terapia dita invasiva, as Unidades de Terapia Intensiva e os grandes avanços nos campos da cirurgia, da  imunogenética e da biologia molecular, avanços técnico-científicos necessários, mas que encareceram exponencialmente os tratamentos, dificultando o seu acesso pela população mais vulnerável financeiramente e sem plano de saúde, pois nem sempre são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
          Avançamos muito, sem dúvida, no tratamento de doenças crônico-degenerativas, a exemplo das cardiovasculares, endócrinas, renais e das neoplasias, mas infelizmente ainda não conseguimos grandes progressos no controle das doenças emergentes como a AIDS, das endêmicas como a hanseníase, a tuberculose e a esquistossomose, das transmitidas por vetores, como ZIKA, Dengue e Chikungunya e de outras viroses como o H¹N¹ (Influenza A), em razão de implicações epidemiológico-sociais e econômicas. Em síntese, já convivemos com as doenças da “modernidade” e ainda não conseguimos deixar de coexistir com as infecto-contagiosas.
                  A Academia de Medicina do Maranhão, pautada nos seus ensinamentos, nos seus exemplos de sabedoria e entusiasmo, vem escrevendo a História da Medicina no Maranhão e contribuindo de forma dinâmica, por meio de seus pares, para seu aprimoramento.


·     *  Professor Doutor em Ciências da Saúde. Presidente da Academia Maranhense de Medicina.

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