Acad. José Márcio Soares Leite*,
A Academia Maranhense de Medicina foi fundada e instalada no dia
25/04/1988, por iniciativa de ilustres médicos maranhenses, os quais certamente
buscaram inspiração na Académie Nationale de Médecine criada em 1820 pelo rei
Luís XVIII da França e na Academia Nacional de Medicina, fundada sob o reinado
do imperador D. Pedro I, em 30 de junho de 1829. Tornou-se parte integrante e
atuante na evolução da prática da medicina no Maranhão em seus vinte e oito anos
de existência.
Na
história da medicina no Maranhão, destaca-se um período colonial (séculos XVII
e XVIII), caracterizado pela existência de cirurgiões-barbeiros e boticários e de
um Hospital Militar. Nesse período, a população foi afetada por epidemias de
sarampo, varíola, peste bubônica e gripe espanhola. Em seguida, evidenciaram-se,
já no período imperial (século XIX), os primeiros médicos e a instalação da Santa
Casa de Misericórdia do Maranhão. O antigo Hospital Militar mudou-se para a
Casa de Retiro Espiritual dos Jesuítas, na Ponta de Santo Amaro, com a
denominação de Hospital Regimental (hoje Hospital Geral do Estado), e instalou-se
um hospital privado, denominado Hospital Português. Destaca-se ainda nesse
período a alta mortalidade por malária. No período republicano, até meados do
século XX, foram construídos ou instalados em São Luís e no interior inúmeros
hospitais públicos e privados.
O período da Medicina que estamos vivenciando
iniciou-se na década de 70 e tem como características as especialidades
médicas, os modernos equipamentos de apoio diagnóstico, os transplantes de
órgãos, a terapia dita invasiva, as Unidades de Terapia Intensiva e os grandes
avanços nos campos da cirurgia, da imunogenética e da biologia molecular, avanços
técnico-científicos necessários, mas que encareceram
exponencialmente os tratamentos, dificultando o seu acesso pela população mais
vulnerável financeiramente e sem plano de saúde, pois nem sempre são realizados
pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Avançamos
muito, sem dúvida, no tratamento de doenças crônico-degenerativas, a exemplo das
cardiovasculares, endócrinas, renais e das neoplasias, mas infelizmente ainda
não conseguimos grandes progressos no controle das doenças emergentes como a
AIDS, das endêmicas como a hanseníase, a tuberculose e a esquistossomose, das
transmitidas por vetores, como ZIKA, Dengue e Chikungunya e de outras viroses
como o H¹N¹ (Influenza A), em razão de implicações epidemiológico-sociais e
econômicas. Em síntese, já convivemos com as doenças da “modernidade” e ainda
não conseguimos deixar de coexistir com as infecto-contagiosas.
A Academia de Medicina do Maranhão, pautada nos seus ensinamentos, nos
seus exemplos de sabedoria e entusiasmo, vem escrevendo a História da Medicina
no Maranhão e contribuindo de forma dinâmica, por meio de seus pares, para seu aprimoramento.
· * Professor Doutor em Ciências da
Saúde. Presidente da Academia Maranhense de Medicina.
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